Crise na Saúde do Tocantins expõe guerra política entre Laurez Moreira e Wanderlei Barbosa

  • 05/11/2025
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Crise na Saúde do Tocantins expõe guerra política entre Laurez Moreira e Wanderlei Barbosa

O anúncio de um decreto de emergência na saúde estadual colocou o governo interino de Laurez Moreira (PSD) no centro de uma nova crise política no Tocantins. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (3), Laurez revelou que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) acumula R$ 580 milhões em dívidas, número que, segundo ele, expõe um colapso administrativo deixado pela gestão anterior de Wanderlei Barbosa (Republicanos).

A medida, que ainda não teve data de publicação confirmada, deve permitir contratações diretas e renegociação de contratos, sob o argumento de agilizar pagamentos e conter o avanço do déficit. O gesto, no entanto, provocou reação imediata do grupo político de Wanderlei, que acusa Laurez de fabricar uma crise para justificar medidas de exceção e abrir brechas para contratações sem licitação.

Discurso de “caos herdado”

Laurez assumiu o comando do Executivo há dois meses, após o afastamento de Wanderlei Barbosa por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e tem apostado em um discurso de “herança de descontrole” para marcar sua gestão.

Na coletiva, o governador interino afirmou que a situação financeira da saúde é “gravíssima” e que o Estado gasta R$ 26 mil por leito hospitalar, mais que o dobro de municípios como Araguaína, onde o custo seria de R$ 11 mil.

“Infelizmente o Estado se encontra em uma situação muito ruim. Há distorções sérias na aplicação de recursos. Não vamos permitir que o Tocantins continue sendo administrado dessa forma”, declarou Laurez.

O governo interino anunciou ainda que pretende auditar contratos, revisar valores e buscar apoio do Governo Federal. Laurez e sua equipe viajaram a Brasília nesta segunda-feira para apresentar o quadro financeiro à União.

Republicanos reage e fala em “golpe administrativo”

A resposta do Republicanos, partido de Wanderlei Barbosa, veio poucas horas depois. Em nota, a legenda afirmou que o decreto seria “um pretexto para desvio de recursos públicos” e que o valor de R$ 580 milhões divulgado por Laurez não tem lastro em documentos oficiais.

Segundo o partido, a Secretaria de Saúde possui orçamento anual superior a R$ 3,2 bilhões, e os chamados “restos a pagar” — dívidas de um exercício que passam para o seguinte — são prática orçamentária comum.

“O governador interino tenta criar um caos inexistente para justificar contratações sem licitação. Nenhuma gestão paga dívidas prescritas há mais de cinco anos. Isso sim seria irregular”, diz o comunicado.

O Republicanos também acusou Laurez de não pagar fornecedores desde que assumiu o cargo e de estar usando a falta de repasses como instrumento político para descredibilizar a gestão anterior. O partido promete acionar os órgãos de controle e ingressar com uma ação civil pública caso o decreto seja oficializado.

Plano Servir vira novo foco de disputa

Além da saúde, o Plano Servir, que atende servidores estaduais, virou alvo da disputa. O governo interino alega que o programa apresenta déficit mensal de R$ 50 milhões, enquanto o grupo de Wanderlei afirma que o desequilíbrio é artificial e que, na verdade, o valor corresponde à contrapartida do governo para manter o sistema equilibrado.

O Republicanos acusa Laurez de reter os repasses descontados dos servidores e de “dar calote” nos prestadores de serviço.

“Durante quatro anos o Servir se fortaleceu e ampliou a cobertura. Hoje, o que vemos é um retrocesso por má gestão do governo interino”, diz o comunicado.

Narrativas opostas e guerra por legitimidade

O embate entre Laurez e Wanderlei extrapola o campo administrativo e se transforma em uma disputa pela narrativa de legitimidade política no Estado.

Para o grupo de Laurez, o decreto é um ato de responsabilidade diante do “rombo” herdado. Para o Republicanos, trata-se de uma estratégia de desmoralização do governo afastado e um atalho administrativo perigoso, que pode enfraquecer os mecanismos de controle e transparência.

Analistas locais apontam que o movimento de Laurez busca consolidar sua imagem como gestor técnico, mas o decreto de emergência pode ter efeito político duplo: ao mesmo tempo em que reforça o discurso de “governo de ação”, também alimenta suspeitas de uso político da máquina.

Risco de judicialização e impacto na sucessão

Nos bastidores, aliados de Wanderlei articulam ações jurídicas para suspender o decreto assim que for publicado. A Procuradoria-Geral do Estado, por sua vez, trabalha para blindar o ato de questionamentos legais, sustentando que o instrumento é necessário para evitar interrupção de serviços hospitalares.

O episódio ocorre num momento de incerteza sobre o futuro político do Tocantins. Com o afastamento de Wanderlei ainda sem prazo definido e Laurez tentando se firmar como gestor de “mãos limpas”, o decreto pode se tornar um divisor de águas — seja como símbolo de austeridade, seja como marco de instabilidade e disputa de poder.

Em resumo:

A crise da saúde no Tocantins tornou-se o palco central da disputa entre dois projetos políticos — um tentando provar que herdou o caos, e outro tentando mostrar que o caos foi criado para justificar manobras. O resultado, por ora, é um Estado paralisado entre a retórica da emergência e a retórica do abuso.


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